quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Aflição constante

Devo confessar que os meus suspiros aflitos são longos
As marés boas andam batendo nas minhas curvas e não tardam à ir-se,
Quando logo em seguida, vem outra aflição, que passa de saída,
e em seguida outra, outra e mais outra.

Meu peito não aceita os meus olhos de encharque
os meus lenços de pura e inigualável indagação culpada, orgulho ferido
não querem um fardo a carregar que não possa ser feito de sonho e sim,
de uma superfície serena de lástima.

O meu sonho não aceita verdade pessimista: mentira, mentirinha.. vai
Os meus ossos curvam-se diante das trevas do abismo
mas de uma divina circunstância que outrora irá aparecer:
O meu sonho só aceita alegria porque é tão triste que já nem aguenta mais ouvir.




quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Poesia de tudo

Há dias é que eu queria os azares das paixões e as tragédias tristes que nelas cabem:
queria também o pecado, a carne
e vejo que não me fora útil para nada; hoje eu só quero teu amor,
o eterno, indestrutível, eu quero a tua face e dela te compor.

E quero também, presenciar-te em cada verso meu, Senhor
tu és minha poesia e a de um todo do mundo inteirinho:
não há verso tão puro quanto o teu,
não há sintoma poético dado por ti que caiba no coração meu.

Hoje sou poeta.
Não sei se devo chorar, agradecer, lamentar
Eu sou o pecado, logo qualquer letra do mundo.
Mas de que vale isso, se és toda poesia de tudo?!

Vivo inquieta e triste

Vivo inquieta
e triste
virada do avesso
compondo canção
de vasto luar
que se esvai
num abismo nada curto
que grita outrora
de dor de solidão.

Vivo de ponta cabeça
leve na massa, pesada n'alma
Toda graciosa, no mundo inteirinho:
chamada por Deus
pelo mundo: confusa de dores, amores
- Só sei falar disso
E pareceria clichê
Se respondesse o porquê.

Vivo no abandono
Na crítica, do azar
da sorte dos versos
do azar na vida
do amor do pai
e esperança repentina,
na falta que faz
teus olhos murcharem
num breve balanço
que danço.

e resolvi sentir
ao invés de calcular, formar
eu resolvi ser alegre hoje e triste amanhã
porque ninguém escapa da suavidade,
do sublime e da angústia:
ninguém escapa das portas do inferno que vive a nos chamar
na arte, na dor
no horror
no cúmulo
ímpio e injusto
canto e amor.

Vive inquieto e triste...
- Acho que só.



sexta-feira, 18 de julho de 2014

Sede de ternura

Um tumulto teu sumo escorrendo às minhas pernas:
quando beija minhas nádegas, amado
pouco tenho a fazer se não gemer, sorrir
das tuas entranhas o meu abrigo, e o meu amor, tão forte,
de longe aguarda o meu peito este fim, e quanto a isso - silêncio perpétuo.

Do prazer eu tenho riso, dos teus lábios, eu gozo;
De manso, e quase me indo aquele amor fajuto.
Mas o teu mastruço se ia fundo e os meus olhos, sem abrir,
diziam-te que a continuidade era falha, o amor não me existia!

No leito, mais desejos, e o teto, o teto escuro de qualquer imaginação me assombrava,
eu era uma puta! e como gostava disso...
o meu amor se ia.. voltava, voltava porque o sexo não me era sustentável.
voltava porque aquele entrelaço era pouco para aquela sede de ternura.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Renascer do viver

Como uma agonia morta a minha vida:
Subi o abismo e gozei da mesma,
Chorei amores que não tive e deixei-me cortar para hoje estar inteira.

É uma nação lírica os teus olhos
Ainda preenchem-me após um eito de oito meses,
Que não se tarda a passar, é lento a se ir..

Ah, tanto faz agora!! Seja lá o que for,
Já me curei da ferida aberta, repetimento diário,
Eu me curei de qualquer dor e hoje sinto saudades e sou feliz!

E como é dura a vida daqueles que não sentem...
É desgraçada a vida dos burgueses famintos por sexo, por amor, a vida dos que não sentem saudade...
Mas é feliz e honrada a vida de qualquer vagabundo de praça que sente:

a sensibilidade do ar, do amor, da paixão, da vida que renasce dia após dia.
 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

As minhas estradas verde-amarelas

As laranjeiras ardem e as sinto daqui
Também, enche-se de vazio o meu lugar de furto
Não esperarei a pedra verter vinho, e a figueira o mel:
Morrerei num abismo de fracasso por luta inconsequente.

O luar banha a minha mãe,
Cada manifesto ergue-se sobre ela e não evita
Do tempo seco, falta de pão
- Punhal no peito, navalha na mão.

Cria-se e recria-se de círculos impuros
A maresia e o azul do meu céu
Não me é inteiro de um conceito hipócrita, um amor fajuto: 
o amor não tem miséria, não tem ódio, nem guerra.

Ando a percorrer essas estradas verde-amarelas
Sentindo a fome e a fumaça de perto
Quantos olhos hão de lastimar,
Quanta violência se sucederá? 

As letras velhas tecidas pelo tempo não dizem nada!
O estrangeiro é que não fracassa.
A dor das raças, o pudor disso
Mas Deus sorri como um negrinho fixo.

E a partilha, a graça dessa mãe
Que chora, que sofre, que morre
Se vai de tristeza, pranto que não se cobre
dos vagabundos saciados, mal intencionados,

de grande "raça" nobre.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sois

Como o vento que me rumora de galhos
Sois a tua vida.
Vida de morte que no fundo, ou por complexo
É antônimo.
Da minha! Ah sim, do meu choro, encabulado pavor de timidez e cinzas.

De fato é que não me acomodo mais no abismo.
A vida já me deu cheque mate e tampouco sumi;
Me estraçalhou em meios que nem sei se
Deveria partir.

Mas sois pupila amarga e pontuda que quebra-me os vidros,
De molécula árdua e opressões duras.

Não se deve viver de vida.
Há quem o diga que o mundo é bonito, é belo
De vastas canções de ninar como de o mais grave grito ambíguo:
A noite não me é nada se não qualquer sinônimo que sois.

E também devo afirmar, que o "adeus" já longe, não me é por inteiro
Os lírios em que dediquei e afirmei riso, de farsa esconderam-se.
Porque sois como um trem:
E o meu eu como o trilho.

domingo, 11 de maio de 2014

Jussara

A tua sílaba única soa como debate forte no mundo
Meu amor,
Lembrarei sempre dos teus olhos de
Passagem recente da colmeia.
E os teus braços.. ah
À eles entrego-me de pranto e riso, de fome ou de fartura.
Tu és, no entanto
A bendita confiança que ainda resta-me no mundo pútrido.
Tu és a força
Força que ás vezes chora e que assim me derruba, e quando no fundo do poço
Levantas para reerguer-me e mostrar mais uma vez tua garra constante.
És os livros que leio antes mesmo de ler
A vida punindo meus erros antes mesmo de eu entender.
Tu és a lua do meu céu, as estrelas da minha noite e o sol do meu dia.
E não me canso de te dizer isso.
Tampouco acreditei um dia num príncipe ou no destino.
Mas no amor eu acredito.
Principalmente no teu.
Inclusive nele, mãe.

domingo, 4 de maio de 2014

Sorte aqui, azar ali: tanto faz

No abismo o tempo tecia tão devagar que era quase um apelo para uma sorte:
Mas nunca consegui crer em uma,
Tampouco devo afirmar que não a tenho
A sorte mora em mim, trilha no meu corpo, beija a minha alma, traduz minhas idas e vindas.

Nem sei se o pranto é sorte ou azar
Mas também não acredito em qualquer um
Aprendo tanto com as lágrimas e o amor reprimido que ao mesmo tempo
Sofro com essa ausência e me sopra de frieza a tristeza do peito.

Tristeza que de leve cai como lástima
Aborrece a noite nos meus olhos: nimba de luar o lodo!
Mas a rejeição me leva na sorte dos versos,
E os versos, no entanto, matam-me de azar no amor.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Felicidade azarada

Pude presenciar como nenhum, no entanto: a fome.
Ninguém nunca sabe que nem sempre é de pão ou de amor.
É de afeto, de busca, de prosa.
Prosa do poesco fatigado de longe, do corpo, do retrato, e do peito: mais longe ainda.

Mas o amargo é não ser poeta; a tristeza é a infidelidade de palavras que transam com outras e demais poetas e que me suga de vontade de morte!
O abismo está nas pupilas alheias e o improviso de cada é podre.
"A vida é uma cena de improviso e nem sempre a gente sabe atuar";

...uma cena mal ensaiada. Felicidade, azarada.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Qualquer outro alguém

Senti tua falta na manhã de abril, ao pé do outono
E lembrei-me de um verso tão distante.. quase que inexistente.
Chorei a ausência dele, murmurei como ele murmurara nos meus ouvidos
e em meus pensamentos, palavras tuas e um anagrama árduo.

Não tive escolha se não lamentar. Aquelas estrofes, se irem..
Assim como tu, assim como todos.
A ausência é irmã do tempo e inimiga da alma.
Do peito e sim, do meu.

Mas despejei letras interditas no papel pra ti assim como demais manhãs de abril,
Interroguei meus ossos vibrantes por baixo da minha pele de animal e não cabia
resposta alguma à eles.
Era tolice pensar que haveria sequer uma resposta pra qualquer pergunta.

Porque neste outono o amor me pegou como cólera e o cair das folhas
fora como o meu peito morrendo de mim mesma:
Estou farta de resumos árduos e histórias podres das quais repetem-se diariamente.
Eu vou sair daqui. Eu vou me dedicar e amar.

Amar por aí, qualquer outro alguém, alguém que não te inclua e não faça-me mais sentir-te de saudade nas manhãs mais puras do ano: as de abril, as do outono.

sábado, 26 de abril de 2014

Vem e vai como uma prosa, do grande poesco

Na fumaça o meu rosto se transbordava em águas e tentei esconder nela a minha dor
As minhas mãos pesadas, o meu olhar cansado, 
Eu te deixei na mente, se indo, lentamente como um pássaro que se esvai do ninho. 

Pensei o porquê da minha prosa ter letras tuas e nos meus cabelos ter dedos teus.
Chorei na ausência da morte e na presença da vida em que o pranto tenebroso se pareceu eterno
Eu sofri como numa velhice interna num leito e na espera de qualquer solução, um fim qualquer.

E na minha nicotina não arranjei motivos para seguir. Tampouco, na procura, os tinha.
Pois na minha gramática não achei palavras para consolo próprio, e só veio verso
O meu pão e o meu gozo: que vem e vai, como uma prosa, do grande poesco

terça-feira, 22 de abril de 2014

Ninguém nunca entende a minha prosa

Regada de estrelas a minha palavra se esconde:
ninguém nunca entende minha prosa.

Mesmo que pequena, quase que uma célula morta:
se move. Ninguém nunca entende.

E por não entendê-la é que não sei se fico feliz ou triste
Será ela o complexo ou a poesia falha?

Ninguém nunca entende a minha prosa.
Nunca compreendem a minha dor.

E mesmo que meu peito haja com o horror,
Com martelos quentes de brasas ensanguentadas

O meu lirismo nunca é visível.
Ninguém nunca entende a minha prosa!

E não entendo esses poetas que xingam aqui e ali o meu sexo:
Não entendo essa gente que não entende a minha prosa.

Porque ninguém entende porque não quer.
Porque a minha prosa por trás do que eu quero é simples.

Ninguém sequer sabe me dizer a verdade
E estou farta da gramática e das línguas:

Estou farta de cansaço da arrogância contínua contra o meu peito ferido.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Tadeu

Aos teus olhos, Tadeu
Entrego as margens do tempo: se tardam como as flores das quais julgo benditas.
No teu corpo eu me acanho dos anos, das rugas, do verde, da falta;
Não quero crescer se não com o teu princípio e o bater do teu peito.

E quando digo-te em resumos árduos e plenos que não me basta o mundo,
As lojas, as máquinas e os carros: deves acreditar na ânsia do renascimento
Da morte da dor, da moradia de instantes daqui, dali, do presente.
- Deus é que não me mate o lirismo!

Mas o sábado chega, amor
Olharei para os teus olhos e lembrarei dos teus lábios.
O tempo das uvas também chegará, a parreira há de interromper os espinhos
E do gozo que sentiremos será como o alívio dos teus erros.

Do meu amor reprimido, Tadeu, quero que saibas que vagarei somente com teus restos por entre palavras de pura saudade inigualável.
O disfarce do amor.
Os teus ossos de flor.

sábado, 12 de abril de 2014

O eterno, o princípio da morte, tu estás

Não me saciam as respostas da tua morte por aqui:
por que diabos em março?
no cair das folhas secas, no jazer do meu verão;

o tempo é tarde para narrações e intercessões de eufemismos pobres;
o vento e a chuva continuam a favor das folhas:
cobrem o chão de serviço do esquecimento.

eu sei: tu querias estar
pouco tinha o discernimento da escolha de se ir
se não fosse a minha língua, tua rosa apodreceria  fria.

talvez pouco tu compreenderias
mesmo que o raciocínio ainda fértil semeasse, que
tu estas no melhor dos melhores: mais viva que muitos

Que ao contrário da vida, a morte é imortal.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Clusa

Se não fossem as pálpebras negras sob a pele de soslaio
Não estaria aqui. Não estaríamos nessa.

Se não tivesses os ossos vibrantes e os olhos neutros,
O canto tilintando nos ouvidos deles... 

Clusa, anagrama
Deus é que me perdoe!


terça-feira, 25 de março de 2014

Eu quero a sorte de amar

Eu quero a sorte de amar,
ser feita do amor;
Eu quero poder desabrochar,
o que no fundo é a minha dor.

Eu tenho medo de viver,
Uma vida sem amar,
Mas às vezes é meio sem querer,
O dom de apaixonar.

Eu quero ser feita do amor,
E somente à ele pertencer,
Descerei muros ao fim do ardor
Para com ele vencer.

Eu quero viver do amor,
E do amor me derramar,
Eu quero tirar de mim esse "compôr"
E de beijos me esbaldar.

Eu anseio por chorar,
E de amor eu quero viver,
Inclusive da paixão gozar
E ao amor pertencer.

Eu quero amor, eu quero amar, eu quero uma vida
Uma vida de amor, e à ele como uma noite amanhecida,
Eu quero amar, arrancar do coração esse nó.
Eu quero a paixão, o amor, o amor e só.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Chove.

Chove. Chove e não silenciam os carros, os talheres, as línguas, nem mesmo as formigas;
O céu tristonho, chora. As nuvens gordas, de mal com o sol.. chove.
Chove como os teus olhos, chove como os meus braços
E não há sossego, não há voz que pareça-se calma.
Não há nada. Chove.

Chove de não poder sair para cair pra cá,
- Mas eu me nego a gargalhar, e não me nego a chorar.
Sorri-me uma garoa fina, leve, mil em uma.
Minha vida é cega e o meu pranto é longo
Não se esconde no vidro embaçado. Chove.

Não há chão que sinto, folha que vejo.
Chove.
Chove e dói o que um dia era de não acontecer,
E não tem lembrança nos meus dedos, não tem amor no meu peito.
Chove tão de leve como cantigas de ninar, mas chove.

Choveu ontem, chove hoje, amanhã não sei.
Chove e dói.
Dói porque o sol se esconde e o meu riso não nasce,
Por que renego e nego o que sou (será que não?)
Chove o egocentrismo, a hipocrisia, o egoísmo.

Chove e males não passam.
Chove clichês e impurezas que hão de achar justo..
Chove lá fora, aqui dentro, em mim, em tudo.
Chove.
Chove e só.




terça-feira, 4 de março de 2014

Mais que um parto

Mais que um parto, um coração partido ou um talho no rosto; aquela dor ambígua que perseguiu os meus olhos na manhã em que a neblina era mais forte que os raios solares escondidos pelas nuvens
Foi mais que um parto o sentimento em que corroeu os meus ossos e disparou o meu coração em meio à risos e deboches. 
Nem a dor de um eterno amor poderia se comparar a tão escuro momento: angústia, medo, desespero, morte; nem o tempo curará as queimaduras que um dia o domingo causara no meu corpo.

O destino, no entanto, reserva-me a angústia e a vida vagabunda que levo desde o princípio.
E terei assim como de pão, fome da morte, do sangue, da orgia em que não acaba nesse leito
Não me escorrem lágrimas, já não me tremem minhas pernas, não choro aos teus olhos, (onde a podridão se esconde), eu não rendo-me ao amor.

As minhas veias entupidas de contradição e versos que não fluem, histórias que esperam para serem contadas e não saem dos meus lábios, não morrem do tempo; o meu mito acabou-se.
Os meus átrios e ventrículos funcionam só de temor, de vida acabada e de um ódio que não muito longe se encontra.
Foi mais que um parto.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Desfecho

Como uma cidade lírica macia de seda os teus seios, por todo o teu corpo, como um estado, perante a primavera que consagra-se ferida
Vem a noite, lentamente cruel envolvendo agonia, e possuo-te nua e fugidia.
O outono no entanto não chega, o verão estende-se em um deserto coberto de neve, mergulhado nos teus olhos lívidos em que outrora talvez fosse da fome.

Nu e sós ouçamos os risos dos homens, tendem a vagar pela neblina e pelas manhãs translúcidas cultivadas aqui, eu não temo a morte, e não rendo-me a nada
E naquele céu obscuro nasce a desgraça, onde já foi morta e como uma ressurreição qualquer renasce: arde-me o peito.

A primavera continua, o verão rachando-me os lábios, o outono se tarda a vir; teus olhos choram, a tua boca arde e ferve assim como um vulcão em erupção às lastimáveis lágrimas com que derramas ardil mente.
Não me basta a tua fome, a tua desgraça, a tua morte: não me basta mais nada.
Talvez, por ironia ou desfecho, tu não demore tanto quanto o outono,
"Eu não quero mais o teu sexo.
Eu vou sair daqui e tardarei a voltar."

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O oculto

Tanto fiz oculta uma dor sem dono,
que convenci-me da vinda da morte e dos olhos oblíquos em que tu te reguardas diante das minhas rugas,
E quando pareces despertar, és a primavera ferida; a estação silenciosa e dolorosa; não te enganas, tu és as fezes e a podridão que este mundo se encontra.

Vives como vive uma pedra; choras como chora um ser morto; sente como um animal. E não te poupo disso, falta-te virar do avesso.
Pois há sonhos que te vestem, utopias que a tua hipocrisia segue: tu és a mentira e a angústia, a fome e a desgraça. E nem teu fingimento mudará as circunstâncias, nem a morte te levará embora, continuará a vagar pelas noites e visitará o luar, matando-me novamente aos poucos neste leito.

Os meus soluços tu ignoras e diante dos meus serviços e gemidos, nada tu notas
E este pranto que nos acompanha dia e noite, noite e dia, terá os mesmos olhos que tu,
Negros como as noites de insônia e melancolia, terás a tua pele pálida, os teus cabelos louros a brilhar diante ao sol, e descrença da vida; será o surrealismo?

De ver-te no espelho sou coitada, vítima de vazio estremo,
A tua beleza, não iguala-se a tua maldade, ao teu pouco valor; repetirei versos e cantarei poemas para te dizer que a tua morte  não morrerá, e não desejo a tua vida.
Nesta confusão, apenas desejo minha ida, tua passeada por entre veredas e estradas longas, teu cansaço, teu suor..
Tu chegarás como um primeiro beijo, lentamente fecharei os olhos
E descerei muros ao fim do abismo.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Eu te busco

Não sei te explicar como procuro a tua voz
E a tua atenção, que não floresce, mesmo no cair da noite, e de frente ao cais:
Não sei como dizer quando os teus olhos me olham, lentamente num brilho precioso;
Assim, estremecendo-me como um pensamento recente qualquer. Quando o campo iniciado, o centeio ondula ao sentir um tempo distante,(talvez passado, ou quem sabe o futuro..) e na terra crescida os homens já habitam - eu não sei te negar que até minhas ideias te insistem.

E quando a ilusão faz acreditar que os galhos da melancolia secam, e os astros lá do espaço me vigiam,
O meu coração, não passa de um fruto inventado, e nem sei de qual semente, pois
Tu arrebataste as veredas da minha solidão
E a minha casa, o meu rosto, os meus seios e a minha vida ardem perante estas noites, de pura insônia e amor. O egocentrismo acompanha, dentre as pedras que nos cercam do teu tão jovem silêncio, como crianças que imploram a uma canção de ninar após os sonhos horripilantes, no meio do tempo - não sei se posso te dizer, que a pureza dentro de mim, te procura.

Desde a mais recente primavera os meus lábios cantam o que os meus braços devem lhe contar; e aprendo,o leve abstrato correr do espaço -  minto quando digo que talvez mandarei flores e cartas cheias de razão, mas quando a sombra morrer dos meus lábios, faltará a mim um girassol, um lírio, um beijo ou um par de tapas (qualquer coisa extraordinária).
Porque não sei como declarar que dentro de mim há o sol, a chuva, as águas e o oceano inteirinho; a lua, a imensidão e as galáxias; os bosques, o verde e o alimento (além de todo o amor do mundo) que te insistem, procuram e te buscam.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Pranto longo

Quando digo-te, amado, que nem só este amor é a vida de meus dias,
Com toda mágoa e angústia ainda fortalecida em meu peito,
Deves acreditar.

Não deves ter dúvida de que o meu pranto não faz-se mais da falta dos teus beijos,
Mas da crueldade e falta deste manto que, de vez em quando se esquece
De me corroer por inteiro.

Quando a minha vida afirma-te que meu coração bate por um outro alguém, ou talvez outro sentimento,
E não mais pelos espinhos dessa ardil paixão,  dessa vereda que um dia já andei
Tu tens que compreender.

Foram-se as estradas que já cruzei, jazem as utopias que um dia a pureza tivera conquistado em mim
Não há sonhos no meu ser; reza a lenda que desaprendi a amar
Meu bem, já não é uma loucura a tua rejeição.

Os meus olhos choram, a minha alma grita: não há vida sem esse vício, esse sonho e pesadelo, esse desejo.
Por isso é que de vez em quando nego os meus instintos e insisto em te dizer que, não sei de certeza,
Mas já não gozo do teu gozo.

E diante destes versos, pouco sei se é verdade ou  mentira, o que a minha boca cospe,
Minha mente pensa e minhas mãos traçam
Mas enquanto este teu fim se prolonga em minha vida e minha tristeza aumenta: da poesia faz-se o meu riso e o meu sustento.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Morta de amor

Tudo de amor que existia em mim se foi
Todas as palavras cuja um dia pensei foram ditas
Piscou-se o olho e o sentimento tornou-se infinito
E de muito escravizado o meu peito.

De pródiga de amor, sou coitada
De fácil de amar virei em "nada".
Cada voto que fiz ergue-se em choro
Contra o meu próprio riso de fada.

Tivera dado amor mais do que caberia
Nessa vida de angústia e abismo
E faço essência desse engano
Que rompe a minha estrada, inicia o meu pranto.

E se resistir é o caminho, não minto que sou fraca
Apodreceu esse sentimento, essa pureza, esse encanto
Antes seria não sentir, do que isso receber
Para uma vida sem dano e amor viver.