Aos teus olhos, Tadeu
Entrego as margens do tempo: se tardam como as flores das quais julgo benditas.
No teu corpo eu me acanho dos anos, das rugas, do verde, da falta;
Não quero crescer se não com o teu princípio e o bater do teu peito.
E quando digo-te em resumos árduos e plenos que não me basta o mundo,
As lojas, as máquinas e os carros: deves acreditar na ânsia do renascimento
Da morte da dor, da moradia de instantes daqui, dali, do presente.
- Deus é que não me mate o lirismo!
Mas o sábado chega, amor
Olharei para os teus olhos e lembrarei dos teus lábios.
O tempo das uvas também chegará, a parreira há de interromper os espinhos
E do gozo que sentiremos será como o alívio dos teus erros.
Do meu amor reprimido, Tadeu, quero que saibas que vagarei somente com teus restos por entre palavras de pura saudade inigualável.
O disfarce do amor.
Os teus ossos de flor.
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