quinta-feira, 20 de março de 2014

Chove.

Chove. Chove e não silenciam os carros, os talheres, as línguas, nem mesmo as formigas;
O céu tristonho, chora. As nuvens gordas, de mal com o sol.. chove.
Chove como os teus olhos, chove como os meus braços
E não há sossego, não há voz que pareça-se calma.
Não há nada. Chove.

Chove de não poder sair para cair pra cá,
- Mas eu me nego a gargalhar, e não me nego a chorar.
Sorri-me uma garoa fina, leve, mil em uma.
Minha vida é cega e o meu pranto é longo
Não se esconde no vidro embaçado. Chove.

Não há chão que sinto, folha que vejo.
Chove.
Chove e dói o que um dia era de não acontecer,
E não tem lembrança nos meus dedos, não tem amor no meu peito.
Chove tão de leve como cantigas de ninar, mas chove.

Choveu ontem, chove hoje, amanhã não sei.
Chove e dói.
Dói porque o sol se esconde e o meu riso não nasce,
Por que renego e nego o que sou (será que não?)
Chove o egocentrismo, a hipocrisia, o egoísmo.

Chove e males não passam.
Chove clichês e impurezas que hão de achar justo..
Chove lá fora, aqui dentro, em mim, em tudo.
Chove.
Chove e só.




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