Como uma cidade lírica macia de seda os teus seios, por todo o teu corpo, como um estado, perante a primavera que consagra-se ferida
Vem a noite, lentamente cruel envolvendo agonia, e possuo-te nua e fugidia.
O outono no entanto não chega, o verão estende-se em um deserto coberto de neve, mergulhado nos teus olhos lívidos em que outrora talvez fosse da fome.
Nu e sós ouçamos os risos dos homens, tendem a vagar pela neblina e pelas manhãs translúcidas cultivadas aqui, eu não temo a morte, e não rendo-me a nada
E naquele céu obscuro nasce a desgraça, onde já foi morta e como uma ressurreição qualquer renasce: arde-me o peito.
A primavera continua, o verão rachando-me os lábios, o outono se tarda a vir; teus olhos choram, a tua boca arde e ferve assim como um vulcão em erupção às lastimáveis lágrimas com que derramas ardil mente.
Não me basta a tua fome, a tua desgraça, a tua morte: não me basta mais nada.
Talvez, por ironia ou desfecho, tu não demore tanto quanto o outono,
"Eu não quero mais o teu sexo.
Eu vou sair daqui e tardarei a voltar."
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