quarta-feira, 18 de junho de 2014

As minhas estradas verde-amarelas

As laranjeiras ardem e as sinto daqui
Também, enche-se de vazio o meu lugar de furto
Não esperarei a pedra verter vinho, e a figueira o mel:
Morrerei num abismo de fracasso por luta inconsequente.

O luar banha a minha mãe,
Cada manifesto ergue-se sobre ela e não evita
Do tempo seco, falta de pão
- Punhal no peito, navalha na mão.

Cria-se e recria-se de círculos impuros
A maresia e o azul do meu céu
Não me é inteiro de um conceito hipócrita, um amor fajuto: 
o amor não tem miséria, não tem ódio, nem guerra.

Ando a percorrer essas estradas verde-amarelas
Sentindo a fome e a fumaça de perto
Quantos olhos hão de lastimar,
Quanta violência se sucederá? 

As letras velhas tecidas pelo tempo não dizem nada!
O estrangeiro é que não fracassa.
A dor das raças, o pudor disso
Mas Deus sorri como um negrinho fixo.

E a partilha, a graça dessa mãe
Que chora, que sofre, que morre
Se vai de tristeza, pranto que não se cobre
dos vagabundos saciados, mal intencionados,

de grande "raça" nobre.

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