Tanto fiz oculta uma dor sem dono,
que convenci-me da vinda da morte e dos olhos oblíquos em que tu te reguardas diante das minhas rugas,
E quando pareces despertar, és a primavera ferida; a estação silenciosa e dolorosa; não te enganas, tu és as fezes e a podridão que este mundo se encontra.
Vives como vive uma pedra; choras como chora um ser morto; sente como um animal. E não te poupo disso, falta-te virar do avesso.
Pois há sonhos que te vestem, utopias que a tua hipocrisia segue: tu és a mentira e a angústia, a fome e a desgraça. E nem teu fingimento mudará as circunstâncias, nem a morte te levará embora, continuará a vagar pelas noites e visitará o luar, matando-me novamente aos poucos neste leito.
Os meus soluços tu ignoras e diante dos meus serviços e gemidos, nada tu notas
E este pranto que nos acompanha dia e noite, noite e dia, terá os mesmos olhos que tu,
Negros como as noites de insônia e melancolia, terás a tua pele pálida, os teus cabelos louros a brilhar diante ao sol, e descrença da vida; será o surrealismo?
De ver-te no espelho sou coitada, vítima de vazio estremo,
A tua beleza, não iguala-se a tua maldade, ao teu pouco valor; repetirei versos e cantarei poemas para te dizer que a tua morte não morrerá, e não desejo a tua vida.
Nesta confusão, apenas desejo minha ida, tua passeada por entre veredas e estradas longas, teu cansaço, teu suor..
Tu chegarás como um primeiro beijo, lentamente fecharei os olhos
E descerei muros ao fim do abismo.
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