domingo, 29 de dezembro de 2013

Rabiscar-se

Mais uma noite qualquer de primavera flui
Por este mundo, afogado no mar da amargura
De surras e queimaduras
Tijolos e tapas na cara.

Mas a noite não é nada
Nada além da minha tristeza e da falta de meus versos
Choro, choro, só penso
Penso, penso.. e nada escrevo.

É ardiloso o nascimento
Das palavras cuja ontem e hoje nasceram, e nascem, é claro
E dentro daquele mesmo instante morreram
Num breve segundo e se foram.

Eis um ciclo ao meu redor: será este da vida? Da minha!
Sim senhor, é meu este ciclo, é minha esta vida
Palavras e versos de hoje,
De ontem, amanhã e depois (tanto faz).

Pois, a verdade é que,
Não preciso da pureza e nem da vida,
Eu preciso beber do mesmo cálice e saciar minha sede da mesma fonte que o poeta,
Para enfim a meu pranto morrer,
E a angústia de amanhã, assim como os versos, nascer.

sábado, 23 de novembro de 2013

Desejos carnais

A madrugada houvera iniciado antes da meia-noite
Regada pelas estrelas e pelo céu obscuro cheio de sereno
Me reguardo de segundo em segundo na lucidez por consequência
E quanto ao meu coração - silêncio perpétuo.

Já num momento de incógnitas e buscas de questões não respondidas,
Não carrego o mesmo peso na minha consciência já sepultada
Minto,
Ainda estou do outro lado da mesma ponte
Translúcida, ainda quebrada em pedaços pelas falhas passadas.

Atravesso lentamente aquela corda bamba de novo
Amando o cais, ansiando a lua
Com o descontrole dos desejos da carne
Ah, por que rendo-me assim?

O amanhecer me absorve,
E toda noite desconhecida, quase frente a solidão jaz.
Minto,
Nem em frente a solidão, mas com os desejos carnais,
Aos suores e tremores de vontade.

Não enxero a pureza do mundo;
Não neste momento
O que me importa no entanto é o desejo de matar esta vontade
Mesmo que seja mentira,
E noutro momento, o desejo evapora
Com o coração na boca na mão.




sábado, 16 de novembro de 2013

Canção do amor

Amo-te porque tua ternura faz esquecer-me
da solidão que em meu peito habita

Amo-te porque ao te contemplar
Navego em oceanos impossíveis
voo alto como uma águia;

Amo-te porque não há receio em te querer
Mas o teu riso, só faz  meu sorriso nascer.

Amo-te porque com teu corpo tu tira-me da realidade
Levando-me para um universo paralelo
Onde nem eu mesma sei descrever.

Amo-te porque quando tu cantas
Trina todas as aves do inverno.

Amo-te porque teu amor não machuca
E a saudade só faz meu desejo por ti crescer.

Amo-te porque ao te ver
Todas as flores desabrocham e
O mundo inteirinho quer te viver.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Chuva fria no meu coração

São amargas as vaias da chuva,
E da multidão guardada no peito
Dói tanto quanto aquela mentira
Dor que na vastidão da minha alma habita.

As horas tecem no tempo e a chuva não passa
O meu passado não volta, e sendo assim, meu presente também não.
Lá no céu as nuvens flutuam
Como o bater do meu coração.

Pouco sei o motivo
E o sentido dessa ardilosa mágoa,
Também não sei de fato o que sou
Nem se sou o que um dia quis ser.

Vem de mansinho sinais do sol
Que de quando em quando desaparece
Ora a chuva não dá espaço nem para o arco íris
E aprendi com tudo isso, que nada no fundo realmente prevalece.





quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A vida zomba de mim

Restou então um lamento silencioso pela vinda do hoje, Angustia amarga pelo ontem que se foi, Esvaindo-se por entre dedos de luz e olhos os sonhos, E o amanhã nocivo chegará tão depressa, Quanto o hoje chegou, já se indo. Ah vida que de mim tira o tudo que me faz Transformando minhas lágrimas em teu riso, Não fechando meus cortes ardidos em navalhas, De palavras repetidas e corações partidos, 
Ah vida, que caçoa do meu ser Imperfeito na perfeição de meu machucar. Oh vil céu que fecha sobre mim suas asas, Bloqueando do sol o calor, roubando das estrelas O brilho que em mim não reluz, também usurpando por sua vez, a mentira poética de que o amor vem das estrelas em noites de sereno luar.

Ah como os minutos parecem-me anos e,
Num piscar de olhos já passou-se a hora,
E num estalo de dedos
A paixão foi-se embora,
E por ser tão rápido as fases dessa jornada,
É que choro agora.

E por isso canto dia e noite,
noite e dia, ao sol e aos céus, à lua e as estrelas, para como um certo Capitão Rodrigo, zombar da morte, Assim como a vida zomba de mim.

Participação especial de Robert Wilde

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Deserto sem sol

Esqueci minha alma no teu corpo pálido,
Tinhas os olhos lívidos,
Eras um deserto,
Sem sol, sem luz,
Um deserto preto e branco,
Frio e cinzento,
Eras como a fome dos mendigos que vejo nas ruas,
Eras o veneno e o mal de todos os tempos,
Procurei em teu deserto,
A paisagem calma,
Que me havias dado tempo,
Mas tudo era sem vida,
Tudo era mágoa.
Tu eras, meu bem,
E todavia, tive medo.
Tu eras um deserto,
Onde não haviam noites e estrelas,
Onde só havia pranto,
E eu, caminhava por entre e nunca chegava,
Na minha angústia ainda buscava um sol para este deserto,
Ah, como sonhava!
E diante das mágoas, do medo, do desespero,
Eu estremecia agonizado e tentava me reerguer,
Mas teu corpo era como a areia movediça para o meu,
Procurei não me mover e rezar, porém afoguei-me lentamente,
E horrorizando-me pelo mal que tu me causastes, 
É que mergulhei em um profundo morto vivo,
E enfim, ainda estou por cá,
Presenciando rios mortos, céu morto, vida morta,
E ainda nem sei, se estou perto ou longe do fim,
Pois o que te afirmo, minha musa, é que de fato,
Esqueci minha alma no teu corpo pálido.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Viajando

Eu que de longe venho,
Passeando por lugar tão pequeno,
Vive ainda, depois de tanto tempo,
Aquela mesma tristeza dentro de mim,
Esta, deveria por sua vez, ter permanecido por lá,
Lá longe, onde jamais voltarei.

Sob as ruas em que passo,
Dentro desse mísero ônibus,
Vejo da janela, o reflexo das rugas que enfeitam minha face,
Rosto pálido, morto.
E também dessa mesma janela,
Posso enxergar as ruas,
Que assim como o meu coração,
Só tem buracos.

Ah se minha angústia ficasse em uma dessas paradas
Que o ônibus para
Ah, se elas fossem embora de vez,
Para que possam surgir novos amores,
Novas dores,
Novos vícios.

E por tão grande ser esse desejo,
A melancolia de meus dias só aumenta,
A felicidade só me rejeita,
E o que resta-me, é a mais dolorida de todas:
A tão detestável solidão.



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Vida de saudade

E a saudade que pode deixar-me tão fraca,
Faz de mim forte e persistente.
Saudade que faz parte de mim,
Aumentando minha infelicidade constante todos os dias.

Saudade que vem e fica.
A danada nunca vai embora...
Esta, esteve comigo desde os tempos de menina,
Bons tempos, sim, bons tempos!
Saudade que esteve comigo desde o início de minha caminhada,
E por sua vez, me acompanhará até o fim.

Saudade que escorre em minhas veias,
Que tortura meu coração tão cheio de nada..
Que ainda faz-se presente em minha alma,
Alma podre, de saudade.

Saudade bendita ou maldita,
Não há certezas, mas o certo é que esta,
faz bater meu coração.

E por minha vida ser o resumo de saudade,
Assim vos digo:
Se sou a pura saudade em carne e osso,
Se o ar que respiro é a própria saudade,
Se de saudades vivo,
Enfim, de saudades morrerei.


domingo, 21 de julho de 2013

Eu sou

Sou o sorriso dos teus lábios
O motivo de tuas lágrimas
Sou tua maior alegria
E ao mesmo tempo, a maior decepção
Sou frágil como uma borboleta
E, mais perigosa que poesias
Sou a chama acesa no teu coração
Teus melhores sonhos,
Teus piores pesadelos,
Sou teus desejos
Teus anseios
Sou a calmaria das tuas dores
E a dor, do teu coração
Sou a verdade do teu amor
E a maior mentira.
E por fim, acho que sou só uma flor
esperando para ser cuidada, esperando para ser regada,
esperando para ser amada.