Tinhas os olhos lívidos,
Eras um deserto,
Sem sol, sem luz,
Um deserto preto e branco,
Frio e cinzento,
Eras como a fome dos mendigos que vejo nas ruas,
Eras o veneno e o mal de todos os tempos,
Procurei em teu deserto,
A paisagem calma,
Que me havias dado tempo,
Mas tudo era sem vida,
Tudo era mágoa.
Tu eras, meu bem,
E todavia, tive medo.
Tu eras um deserto,
Onde não haviam noites e estrelas,
Onde só havia pranto,
E eu, caminhava por entre e nunca chegava,
Na minha angústia ainda buscava um sol para este deserto,
Ah, como sonhava!
E diante das mágoas, do medo, do desespero,
Eu estremecia agonizado e tentava me reerguer,
Mas teu corpo era como a areia movediça para o meu,
Procurei não me mover e rezar, porém afoguei-me lentamente,
E horrorizando-me pelo mal que tu me causastes,
É que mergulhei em um profundo morto vivo,
E enfim, ainda estou por cá,
Presenciando rios mortos, céu morto, vida morta,
E ainda nem sei, se estou perto ou longe do fim,
Pois o que te afirmo, minha musa, é que de fato,
Esqueci minha alma no teu corpo pálido.
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