quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A vida zomba de mim

Restou então um lamento silencioso pela vinda do hoje, Angustia amarga pelo ontem que se foi, Esvaindo-se por entre dedos de luz e olhos os sonhos, E o amanhã nocivo chegará tão depressa, Quanto o hoje chegou, já se indo. Ah vida que de mim tira o tudo que me faz Transformando minhas lágrimas em teu riso, Não fechando meus cortes ardidos em navalhas, De palavras repetidas e corações partidos, 
Ah vida, que caçoa do meu ser Imperfeito na perfeição de meu machucar. Oh vil céu que fecha sobre mim suas asas, Bloqueando do sol o calor, roubando das estrelas O brilho que em mim não reluz, também usurpando por sua vez, a mentira poética de que o amor vem das estrelas em noites de sereno luar.

Ah como os minutos parecem-me anos e,
Num piscar de olhos já passou-se a hora,
E num estalo de dedos
A paixão foi-se embora,
E por ser tão rápido as fases dessa jornada,
É que choro agora.

E por isso canto dia e noite,
noite e dia, ao sol e aos céus, à lua e as estrelas, para como um certo Capitão Rodrigo, zombar da morte, Assim como a vida zomba de mim.

Participação especial de Robert Wilde

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