segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

versos para qualquer noite triste

E aqui estamos
e tudo que me dizes parece ilusório
como todos os dias sem chuva
que ousei deixar de sentir
deixar de enxergar
pra te merecer

no centro estamos
e quero arranjar qualquer motivo
que eu mesma me convença ficar
e dizer pra qualquer rua
depois das mentiras perfumadas
desabar;

aqui estou.
tuas vozes cessaram.



Acabou

Como um balanço lírico teus traços que vagam pela porta do meu peito Quando desde que tu te foras num cortejo, 
o meu mundo, já não foi mais mundo. No chão, vejo reflexos mortos que roem a minha vida, e penso: Que tenho eu com o mundo? Qual é minha prosa, se não os teus beijos? Responde-me que ninguém é igual a ninguém, "talvez tenha sido por isso que trocastes os meus versos brancos pelas rimas de um outro alguém. No museu do meu corpo, te penduro na sala principal e no mais fundo do meu coração"
- e acabou.

Parceria especial com Andressa Sales, poetisa de Sofá.

no amanhecer

aqui estão as mãos.
tentei as garantir que conseguiriam segurar essa barra.
os homens acreditavam que conseguiria segurar o mundo
e eu fui ainda mais fraca em mentir que não era fraca.

o mundo canta
as rimas são bonitas e queria que elas me fossem sábias
também que os passarinhos do meu ninho pudessem amar
mas o amor é fruto da boemia, e não do dia a dia.

alguns ainda pensam que são mãos pequenas, seguras, futuras
não passam de pequenos dedos entre a mocidade e a velhice.
não são nada. não passam de nada.
dentro delas me cabe a tristeza e perto delas infinitas estações amaldiçoadas.

mas pegue estas mãos, só assim conseguirão impulso
o amor é prudente e neste momento preciso
o amor é urgente e mais que tudo, um vulto.

a primeira mulher atravessa trilho errante sozinha.
Em que não se deve passar a sós. (e amanheceu).

os teus cachos que me recordam

não há barulho
minha alma errante quando chora
não palpita nem rima lágrima.
as rosas morrem.
as rosas que restaram daquela noite eufórica
jazem à minha direita.
e à minha esquerda tudo que vejo é o tempo se ir sem pensar no meu coração.

olho pra frente:
não há murmúrio nem vestígio teu.
sei que nossas prosas são alegrias de veraneio
de passagem pra um outono triste
(estava presa em qualquer lugar, em qualquer esquina que furtou minha alma,
e tu de novo me encontraste!)

no chão vagava perdida
numa busca incessável por carne
por qualquer prazer
que nenhum outro amor soube me provar
sob minha pele, nenhum outro cacho soube amaciar.




o desamor

Eis a sorte já desacreditada se indo contra meu peito alegre
o grito no escuro, o socorro num silêncio;
nada mais há no peito que acreditou na vida
e nas pessoas, que aparentam fazer
fadam-se a mentir
(uma mentira curativa de uma mágoa por falta de amor
uma ilusão completa de injúrias fartas de desamor.)
é tudo tolice
que a gente acredita
pra tudo parecer mais suportável.

sábado, 9 de maio de 2015

e(ter)-te para sempre.

Se queres um preço não pago
assim no canto do peito
preencha-se de parênteses
de detalhes
que nenhum deles tende a se ir porta afora.

se almejas mesmo este preço
não rias assim
deixa-me amar-te com loucura
para que o nosso caos se una
e tanto faz o depois:
deixe de rir dessa desgraça atoa.

que se o passado te fere
a dor aqui eterniza
eterniza em mim.
e(ter)-
te
para sempre.


Soneto ao anagrama frio: AANJO

És apenas anagrama frio que me completa
Nada além do que sigo feito uma simples reta
Todos os dias assim te fito desesperada
E embriagada de ti eu me transcrevo em nada.

Meu pranto é calado de uma agonia que me grita
Meu seio pelado em tuas entranhas de fada mita
E todos os dias vivo assim à lastimar
Por todas as horas ao anagrama implorar.

Em teu leito quente de amor quero me derramar
E entender tua ida sem nem ao menos chegar
Ah! Quero voltar no tempo,de ti me esbaldar!

De todos os cantos do mundo, penso em alcançar
Tal voz mansa que corre as tranças do vasto luar
Quero estes verdes claros todo dia vivenciar!


sábado, 2 de maio de 2015

as cinzas

sou tão capaz de qualquer coisa
que quero me refazer em mais nada.
não quero mais provar de tudo que achei que seria necessário
-outrora; qualquer hora, assim, provar-
e nem entender o porque de acontecer porquês.

quando acreditei na verdade,
não era tempo de colher
nem das uvas, e os ventos foram para o norte.
quando por segundos pensei que até aqueles fios louros me seriam
sensatos
então, pela milésima vez, numa hipérbole do mais vazio sábado
eu lembro que, numa noite de veraneio, num luar, era dia talvez
eu errei de novo.

não sei mais falar de nada se não do meu vazio
os problemas pedem para serem de dores
de alegrias
-de qualquer coisa marcante ou qualquer tapa na cara-
não tenho utopia
nem embriaguezes
nem nada.
eu tenho o pó e alguns tapas que a vida me deu.
eu tenho as cinzas das confianças tristes.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Que coincidência é o amor

quando mendigo sorrisos nas ruas:
- basta Gabriela!
é tudo que a vida me diz.

que tenho de voltar
esquecer a vontade de alegria
e me deitar no leito angustioso que é sentir .

quando penso que perderei a sina da amargura
é um beijo da paixão, e um par de tapas da vida:
que fui feita pra doer, pra rezar, pra arder

pra morrer devagarzinho na coincidência do amor ferido.

Já pensei

Já pensei em deixar dessa vida promíscua
que sou sem meus erros?

Já fui julgada, e ainda amada
de fácil de amar (já dito antes) virei em nada.

E agora eu faço de tudo
não faço questão de não fazer.

até que a moral me cabe, como um vício distante  e pouco amado
(mas me dou bem mesmo são com os pecados.)

domingo, 1 de fevereiro de 2015

os teus olhos

Quando eu enxergo o meu futuro incerto
poucas, raríssimas vezes, insisto que chegue depressa.
quando de vez em quando me basta aquela certeza
dos teus olhos, de poder vê-los, de poder prová-los em cada instante dos meus dias...
Ah, os teus olhos..
Eu preferia passar pelo vale da morte a deixar de vê-los com tal desejo alucinante
Ainda que, toda a dor do mundo me amaldiçoasse, se eu pudesse fitar estes olhos,
já aliviaria a minha vida, e meu mundo inteiro conspirando contra mim
não murcharia assim:
viveria triste, mas ainda que com pouca vida restante
ele viveria pelos teus olhos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Mas eu te gosto tanto...

E o que queres que eu diga? Que te amo?! Seja louco!

Mas de fato, é que estou prestes à amar-te. Estou prestes a viver um verão maldito como todos os outros e me entregar para o prazer dos teus lábios. Estou prestes a escorregar pelas ilusões futuras que, em meu pulsar diário já estão presentes. Estou prestes a passar noites acordada dedicando-te sonetos para depois, com a farda passada, olho no olho, poder recitar, verso por verso, e sentir o teu desprezo.

Mas por ora, eu te gosto!
Te gosto porque em ti eu sinto tudo que um dia já vivi, porque as flores que desabrocham pra ti no cair da noite, são as mesmas que um dia ousei provar, com tão pouco avivamento.

Ás vezes te percebo numa máscara em que as pessoas te veem de um jeito, e poucos, pouquíssimos mesmo, podem ser honrados ou pelo menos, dizer-se honrados em tirá-la e, a olho nu fitar-te. Queria ser uma dessas.

Gostando-te, destaco que perdidamente me encanto nestas tuas veredas tristes. A tua agonia, é a minha. A tua dor é semelhante à que sinto. Os teus olhos levam os mesmos fardos que os meus. O teu riso ri do mundo, como o meu ri também. O teu preto, é o mesmo tom da minha vida. Os teus jeitos, são os que consigo imitar, viver, improvisar (das formas mais espontâneas desse mundo, oh Deus) diariamente.

Devo mesmo dizer que te amo?! Seja louco!

Eu sinto é desejo pela tua carne. Vontade dessa tua pele delgada e de te amaciar o corpo com o meu. E juntamente com isso, um pouco de ternura, devagar, devagarinho, para que também, lentamente, o amor nasça e renasça, dia após dia, nas trocas de olhares, sorrisos, abrigos.

Dizer que te gosto é como afirmar o apelo para o juízo quando contas dos livros e ris da vida. É aflorar as dores e mergulhar nessas tuas palavras muito bem escolhidas em tudo que dizes, é se afundar como uma criança que não sabe nadar nesse mar do amor que sempre há de nos puxar, como areia movediça.

Se dizer que te amo fosse só...

Eu não te amo! No entanto, eu tenho tanto à te dizer...

Dizer que te desejo, que te insisto, é pouco. Falar que os dicionários não são nada perto do que sinto, soaria e pareceria clichê (e nós, mais do que qualquer pessoa, detestamos clichês).

Dizer que te entendo, que te sugo, que necessito te ouvir mais e como uma psicanalista abrigar os teus anseios, seria o bastante. Grata à ti sou por não me fazer sentir única no desvaneio da vida.

Eu não te amo, eu juro. Mas eu te gosto tanto...

Mas é que eu preciso sentir cada traço teu em todas as minhas noites de ócio:
eu preciso te ter por completo, e, sob hipótese alguma, meu amor,
dividir os teus átomos que deveriam ser inteiramente meus.

Me desapegar

Eu tenho quatorze anos
e sou morena e linda!
mas canto, e não ouço um pulsar de volta,
e vivo a amar o mundo,
levando a vida com ele à me desprezar
e, por tão triste viver
aqui venho jazer.

Eu moro no pé do Brasil
Sou verde, amarela, mulata
Daquelas que dançam na praia
das pernas mais belas da área
e os homens vivem à me olhar,
e até mulheres pensam em me desejar
mas o que eu queria mesmo, era amar.

Risonha eu rio da vida,
eu choro do mundo
que como eu, cravo
me crava
me corta em pedaços
e estes versos meus são horror
leia somente até aqui, se dentro de ti não tem dor.

E tenho quatorze anos
e sou morena e linda!
mas amo, vivo, sorrio, canto, danço, escrevo, leio
e tampouco isso é o suficiente
e tampouco isso justifica os defeitos.
vou levando a vida com o mundo à me odiar,
procurando, uns poucos segundos, me desapegar.