sábado, 9 de maio de 2015

e(ter)-te para sempre.

Se queres um preço não pago
assim no canto do peito
preencha-se de parênteses
de detalhes
que nenhum deles tende a se ir porta afora.

se almejas mesmo este preço
não rias assim
deixa-me amar-te com loucura
para que o nosso caos se una
e tanto faz o depois:
deixe de rir dessa desgraça atoa.

que se o passado te fere
a dor aqui eterniza
eterniza em mim.
e(ter)-
te
para sempre.


Soneto ao anagrama frio: AANJO

És apenas anagrama frio que me completa
Nada além do que sigo feito uma simples reta
Todos os dias assim te fito desesperada
E embriagada de ti eu me transcrevo em nada.

Meu pranto é calado de uma agonia que me grita
Meu seio pelado em tuas entranhas de fada mita
E todos os dias vivo assim à lastimar
Por todas as horas ao anagrama implorar.

Em teu leito quente de amor quero me derramar
E entender tua ida sem nem ao menos chegar
Ah! Quero voltar no tempo,de ti me esbaldar!

De todos os cantos do mundo, penso em alcançar
Tal voz mansa que corre as tranças do vasto luar
Quero estes verdes claros todo dia vivenciar!


sábado, 2 de maio de 2015

as cinzas

sou tão capaz de qualquer coisa
que quero me refazer em mais nada.
não quero mais provar de tudo que achei que seria necessário
-outrora; qualquer hora, assim, provar-
e nem entender o porque de acontecer porquês.

quando acreditei na verdade,
não era tempo de colher
nem das uvas, e os ventos foram para o norte.
quando por segundos pensei que até aqueles fios louros me seriam
sensatos
então, pela milésima vez, numa hipérbole do mais vazio sábado
eu lembro que, numa noite de veraneio, num luar, era dia talvez
eu errei de novo.

não sei mais falar de nada se não do meu vazio
os problemas pedem para serem de dores
de alegrias
-de qualquer coisa marcante ou qualquer tapa na cara-
não tenho utopia
nem embriaguezes
nem nada.
eu tenho o pó e alguns tapas que a vida me deu.
eu tenho as cinzas das confianças tristes.