terça-feira, 17 de setembro de 2013

Deserto sem sol

Esqueci minha alma no teu corpo pálido,
Tinhas os olhos lívidos,
Eras um deserto,
Sem sol, sem luz,
Um deserto preto e branco,
Frio e cinzento,
Eras como a fome dos mendigos que vejo nas ruas,
Eras o veneno e o mal de todos os tempos,
Procurei em teu deserto,
A paisagem calma,
Que me havias dado tempo,
Mas tudo era sem vida,
Tudo era mágoa.
Tu eras, meu bem,
E todavia, tive medo.
Tu eras um deserto,
Onde não haviam noites e estrelas,
Onde só havia pranto,
E eu, caminhava por entre e nunca chegava,
Na minha angústia ainda buscava um sol para este deserto,
Ah, como sonhava!
E diante das mágoas, do medo, do desespero,
Eu estremecia agonizado e tentava me reerguer,
Mas teu corpo era como a areia movediça para o meu,
Procurei não me mover e rezar, porém afoguei-me lentamente,
E horrorizando-me pelo mal que tu me causastes, 
É que mergulhei em um profundo morto vivo,
E enfim, ainda estou por cá,
Presenciando rios mortos, céu morto, vida morta,
E ainda nem sei, se estou perto ou longe do fim,
Pois o que te afirmo, minha musa, é que de fato,
Esqueci minha alma no teu corpo pálido.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Viajando

Eu que de longe venho,
Passeando por lugar tão pequeno,
Vive ainda, depois de tanto tempo,
Aquela mesma tristeza dentro de mim,
Esta, deveria por sua vez, ter permanecido por lá,
Lá longe, onde jamais voltarei.

Sob as ruas em que passo,
Dentro desse mísero ônibus,
Vejo da janela, o reflexo das rugas que enfeitam minha face,
Rosto pálido, morto.
E também dessa mesma janela,
Posso enxergar as ruas,
Que assim como o meu coração,
Só tem buracos.

Ah se minha angústia ficasse em uma dessas paradas
Que o ônibus para
Ah, se elas fossem embora de vez,
Para que possam surgir novos amores,
Novas dores,
Novos vícios.

E por tão grande ser esse desejo,
A melancolia de meus dias só aumenta,
A felicidade só me rejeita,
E o que resta-me, é a mais dolorida de todas:
A tão detestável solidão.