terça-feira, 25 de março de 2014

Eu quero a sorte de amar

Eu quero a sorte de amar,
ser feita do amor;
Eu quero poder desabrochar,
o que no fundo é a minha dor.

Eu tenho medo de viver,
Uma vida sem amar,
Mas às vezes é meio sem querer,
O dom de apaixonar.

Eu quero ser feita do amor,
E somente à ele pertencer,
Descerei muros ao fim do ardor
Para com ele vencer.

Eu quero viver do amor,
E do amor me derramar,
Eu quero tirar de mim esse "compôr"
E de beijos me esbaldar.

Eu anseio por chorar,
E de amor eu quero viver,
Inclusive da paixão gozar
E ao amor pertencer.

Eu quero amor, eu quero amar, eu quero uma vida
Uma vida de amor, e à ele como uma noite amanhecida,
Eu quero amar, arrancar do coração esse nó.
Eu quero a paixão, o amor, o amor e só.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Chove.

Chove. Chove e não silenciam os carros, os talheres, as línguas, nem mesmo as formigas;
O céu tristonho, chora. As nuvens gordas, de mal com o sol.. chove.
Chove como os teus olhos, chove como os meus braços
E não há sossego, não há voz que pareça-se calma.
Não há nada. Chove.

Chove de não poder sair para cair pra cá,
- Mas eu me nego a gargalhar, e não me nego a chorar.
Sorri-me uma garoa fina, leve, mil em uma.
Minha vida é cega e o meu pranto é longo
Não se esconde no vidro embaçado. Chove.

Não há chão que sinto, folha que vejo.
Chove.
Chove e dói o que um dia era de não acontecer,
E não tem lembrança nos meus dedos, não tem amor no meu peito.
Chove tão de leve como cantigas de ninar, mas chove.

Choveu ontem, chove hoje, amanhã não sei.
Chove e dói.
Dói porque o sol se esconde e o meu riso não nasce,
Por que renego e nego o que sou (será que não?)
Chove o egocentrismo, a hipocrisia, o egoísmo.

Chove e males não passam.
Chove clichês e impurezas que hão de achar justo..
Chove lá fora, aqui dentro, em mim, em tudo.
Chove.
Chove e só.




terça-feira, 4 de março de 2014

Mais que um parto

Mais que um parto, um coração partido ou um talho no rosto; aquela dor ambígua que perseguiu os meus olhos na manhã em que a neblina era mais forte que os raios solares escondidos pelas nuvens
Foi mais que um parto o sentimento em que corroeu os meus ossos e disparou o meu coração em meio à risos e deboches. 
Nem a dor de um eterno amor poderia se comparar a tão escuro momento: angústia, medo, desespero, morte; nem o tempo curará as queimaduras que um dia o domingo causara no meu corpo.

O destino, no entanto, reserva-me a angústia e a vida vagabunda que levo desde o princípio.
E terei assim como de pão, fome da morte, do sangue, da orgia em que não acaba nesse leito
Não me escorrem lágrimas, já não me tremem minhas pernas, não choro aos teus olhos, (onde a podridão se esconde), eu não rendo-me ao amor.

As minhas veias entupidas de contradição e versos que não fluem, histórias que esperam para serem contadas e não saem dos meus lábios, não morrem do tempo; o meu mito acabou-se.
Os meus átrios e ventrículos funcionam só de temor, de vida acabada e de um ódio que não muito longe se encontra.
Foi mais que um parto.