terça-feira, 24 de maio de 2016

A xícara esfriou

A xícara esfria e eu tenho onze minutos para que sintas tudo;
Naquela noite escura - como todas as outras,
Em que debruçavas os dedos entre meus seios, atônito
A transcender as medidas do prazer e da agonia,
O espelho mostrava uma alma mendiga de amor curando-o em leito.

Quando tentavas os sorrisos num sexo repentino
Os olhos ardiam nas manhãs vindouras:
- O entrelaço dos corpos é o disfarce mais quente.
As palavras nasciam e todas elas eram postiças,
As festas eram caladas, já que, sem amor, no fundo eu nada seria.

O café se foi. Os onze minutos, agora vinte e três, estão fartos.
De esperar odor no que no fundo é só prazer das noites de sexta
(ás vezes quartas, quintas, segundas ou terças),
E tudo virar pó depois daquele momento: tudo virar nós para desatar.
Emudecendo os gritos ambíguos que choram por amar nas voltas que se dá.