sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Mas eu te gosto tanto...

E o que queres que eu diga? Que te amo?! Seja louco!

Mas de fato, é que estou prestes à amar-te. Estou prestes a viver um verão maldito como todos os outros e me entregar para o prazer dos teus lábios. Estou prestes a escorregar pelas ilusões futuras que, em meu pulsar diário já estão presentes. Estou prestes a passar noites acordada dedicando-te sonetos para depois, com a farda passada, olho no olho, poder recitar, verso por verso, e sentir o teu desprezo.

Mas por ora, eu te gosto!
Te gosto porque em ti eu sinto tudo que um dia já vivi, porque as flores que desabrocham pra ti no cair da noite, são as mesmas que um dia ousei provar, com tão pouco avivamento.

Ás vezes te percebo numa máscara em que as pessoas te veem de um jeito, e poucos, pouquíssimos mesmo, podem ser honrados ou pelo menos, dizer-se honrados em tirá-la e, a olho nu fitar-te. Queria ser uma dessas.

Gostando-te, destaco que perdidamente me encanto nestas tuas veredas tristes. A tua agonia, é a minha. A tua dor é semelhante à que sinto. Os teus olhos levam os mesmos fardos que os meus. O teu riso ri do mundo, como o meu ri também. O teu preto, é o mesmo tom da minha vida. Os teus jeitos, são os que consigo imitar, viver, improvisar (das formas mais espontâneas desse mundo, oh Deus) diariamente.

Devo mesmo dizer que te amo?! Seja louco!

Eu sinto é desejo pela tua carne. Vontade dessa tua pele delgada e de te amaciar o corpo com o meu. E juntamente com isso, um pouco de ternura, devagar, devagarinho, para que também, lentamente, o amor nasça e renasça, dia após dia, nas trocas de olhares, sorrisos, abrigos.

Dizer que te gosto é como afirmar o apelo para o juízo quando contas dos livros e ris da vida. É aflorar as dores e mergulhar nessas tuas palavras muito bem escolhidas em tudo que dizes, é se afundar como uma criança que não sabe nadar nesse mar do amor que sempre há de nos puxar, como areia movediça.

Se dizer que te amo fosse só...

Eu não te amo! No entanto, eu tenho tanto à te dizer...

Dizer que te desejo, que te insisto, é pouco. Falar que os dicionários não são nada perto do que sinto, soaria e pareceria clichê (e nós, mais do que qualquer pessoa, detestamos clichês).

Dizer que te entendo, que te sugo, que necessito te ouvir mais e como uma psicanalista abrigar os teus anseios, seria o bastante. Grata à ti sou por não me fazer sentir única no desvaneio da vida.

Eu não te amo, eu juro. Mas eu te gosto tanto...

Mas é que eu preciso sentir cada traço teu em todas as minhas noites de ócio:
eu preciso te ter por completo, e, sob hipótese alguma, meu amor,
dividir os teus átomos que deveriam ser inteiramente meus.

Me desapegar

Eu tenho quatorze anos
e sou morena e linda!
mas canto, e não ouço um pulsar de volta,
e vivo a amar o mundo,
levando a vida com ele à me desprezar
e, por tão triste viver
aqui venho jazer.

Eu moro no pé do Brasil
Sou verde, amarela, mulata
Daquelas que dançam na praia
das pernas mais belas da área
e os homens vivem à me olhar,
e até mulheres pensam em me desejar
mas o que eu queria mesmo, era amar.

Risonha eu rio da vida,
eu choro do mundo
que como eu, cravo
me crava
me corta em pedaços
e estes versos meus são horror
leia somente até aqui, se dentro de ti não tem dor.

E tenho quatorze anos
e sou morena e linda!
mas amo, vivo, sorrio, canto, danço, escrevo, leio
e tampouco isso é o suficiente
e tampouco isso justifica os defeitos.
vou levando a vida com o mundo à me odiar,
procurando, uns poucos segundos, me desapegar.